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Instrução "Discors, telum terribile Hostium" | Pontificia Commissio Disciplinaris Curiae Romanae

 


PONTIFICIA COMISSIO DISCIPLINARIS
CURIAE ROMANAE

INSTRUÇÃO
DISCORS, TELUM TERRIBILE HOSTIUM
(Sobre o desânimo, essa terrível situação da Igreja)

PROÊMIO

O DESÂNIMO, PRIMO-IRMÃO do sétimo pecado-capital, a preguiça (ou acídia), é a tentação mais perigosa que o inimigo das almas possa usar contra cada um de nós. Nas outras tentações, ele só ataca uma virtude em particular, e mostra-se: vemos claramente qual é o perigo, e onde está. Podemos cair, por fraqueza, numa tentação específica, mas raramente por ignorância ou confusão. No caso do desânimo, ao contrário, todas as virtudes são ameaçadas, porque nos tornamos incapazes para fazer o que é certo. Pior: não conseguimos distingui-lo. É uma ameaça mortal e invisível. A nossa comunidade do habblive vem sofrendo com este sétimo pecado capital, o clero e tudo que envolvve nossa vida clerical nste apostolado virtual.

Na maioria das tentações desta vida, vê-se sem grandes dificuldades o perigo; na religião, não raro na própria razão, achamos sentimentos que as condenam: a consciência, aliada aos princípios da educação cristã, servem de apoio seguro para nos sustentarmos no Caminho.

CAPÍTULO I
NIMINUS METUS

1. O que faz o grande mal de uma alma desanimada é a ilusão do temor excessivo, que lhe disfarça os verdadeiros e salutares princípios. É assim que, abatida pela vista das dificuldades, contra as quais não acha em si mesma recurso algum, não considera esse estado como uma tentação. Se o encarasse sob este ponto de vista, desconfiaria das razões que o alimentam e, assim, sairia dele bem mais cedo e mais facilmente.

2. O temor excessivo consiste num zelo exagerado, no anseio irreal por uma perfeição idealizada, pela busca de uma conduta de "santidade" que está além das capacidades reais do indivíduo. Por tal objetivo ser inalcançável, o fiel vai fatalmente se frustrar, decepcionar-se consigo mesmo, uma vez após outra, de novo e de novo... Depois de certo tempo vivendo essa cruel e ingrata rotina, mais dia menos dia acaba caindo no terrível desânimo, e correndo greve risco de perder a fé. A esse respeito falou o santo Padre Pio:

O medo excessivo faz agir sem amor; a confiança excessiva não deixa considerar o perigo.(Sto. Padre Pio de Pietrelcina)

CAPÍTULO II
CONVERSIONE SINCERE

3. Quando estaremos vivenciando a ação que é característica fundamental da pessoa que foi verdadeiramente batizada no Espírito Santo: A CONVERSÃO SINCERA. A igreja nos ensina, em seu Catecismo, número 1699, que “... a vida no Espírito realiza a vocação do Homem”, isto é, o Homem se torna inteiro, plenamente feliz e verdadeiramente livre se vive no Espírito, segundo o Espírito Santo.

4. A alma cristã que não tem esperança de vencer-se a si mesma, na prática de alguma virtude, nada ou quase nada empreende para se fortalecer. Os esforços insuficientes que faz aumentam-lhe a fraqueza; e, mais do que meio vencida pelo seu desânimo, deixa-se facilmente arrastar às paixões que a dominam: "Já que não alcanço a perfeição que almejo", raciocina, "melhor desistir de vez, pois estou perseguindo um objetivo inalcançável". 

5. A visão da própria fraqueza lança-a primeiramente na confusão, na perturbação. Neste estado, estafada da dificuldade que sente em combater, já não vê os princípios que devem guiá-la. O temor de não ser bem sucedida impede-a de enxergar os meios que deve adotar para vencer, e que Deus lhe apresenta: entrega-se, assim, ao inimigo, sem defesa.

CAPÍTULO III
SPIRITUS DISCREPANTIA

6. Quando lemos na Carta aos Romanos, vemos que o próprio apóstolo, por vezes, também era derrotado nas suas lutas espirituais: “Não faço o bem que quero e faço o mal que não quero (Rm 7,19). Mas é ele também que nos encoraja para seguirmos adiante: importa prosseguir decididamente!

7. Também aprendemos com o apóstolo dos gentios que não somos perfeitos: erramos, pecamos e, por vezes, fazemos o mal que não queremos fazer, ou como nos ensina o sacerdote de que lhes falei: damos alguns passos para trás. Mas isso não pode fazer com que desanimemos ou com que desistamos da vida espiritual. Pelo contrário, tem de nos tornar mais fortes e determinados.

8. Precisamos agir como São Paulo, que mesmo não conseguindo fazer sempre o bem, ainda assim, encoraja-nos a prosseguir e a não o fazer de qualquer jeito, mas de modo decidido. Sendo assim, mesmo que erremos, que pequemos, que andemos alguns passos para trás, como ensina o grande apóstolo, não podemos desistir de perseguir o alvo, rumo ao prêmio celeste, ao qual Deus nos chama, em Jesus Cristo.

CONCLUSÃO

Caros irmãos, diletos cleigos, tal alma, assim desanimada, esquece-se de que tem um Socorro poderoso na Bondade do Pai mais amoroso; esquece-se de que lhe bastaria reclamar esse socorro para sair vitoriosa do combate! É como um jovem frágil a quem a vista de um gigante que avança contra ele o faz tremer, e que não pensa que uma pedra basta para derrubar o mais terrível dos gigantes, se ele se servir dessa pedra em Nome do Senhor, Jesus Cristo. Força, pois, cristãos! Avante, que a luta nos aguarda, o inimigo é terrível mas nosso Aliado é imbatível! À luta, com força e fé, em nome do Cristo, Nosso Senhor Jesus!

A grande sacada aqui é não tirar os olhos de Jesus, ficar firme olhando para Ele, pare de olhar para as pessoas, elas são falhas e sempre vão te decepcionar. Olhe para Cristo, autor e consumador da tua fé, esse sim nunca vai falhar, sempre estará contigo, te ajudando a continuar fiel. Volte para a casa do Pai, Ele está tão ansioso pela tua volta! Ele que é a maior razão de você estar lá.

“Se olho para mim, me deprimo. Quando olho para os outros, me iludo. Quando olho para as minhas circunstâncias, me desencorajo, mas quando olho para Cristo estou completo.” (Steven Lawson).

In Christus,

Datum et promulgatum Romae, in Praetorio Pontificiae Commissionis Disciplinaris pro Curia Romana, die XXVII mensis Decembris anno MMXXIII, sollemnitas liturgica sancti Ioannis Evangelistae, apostoli et evangelistae, sub Pontificatu Lvcivs PP.

+ Gabriel Souza Card. Giovanelli
Praefectus Pontificiae Commissionis Disciplinaris Curiae Romanae


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NOTAS

[1] Cf. LVCIVS. Constituição Apostólica "Cardinalis Officium II'': Pela qual se altera e atualiza as funções e obrigações Cardinalícias na Cúria Romana, seus Dicastérios e Serviços Nº. 8.