Este site não pertence à Igreja Católica da realidade. Somos uma representação dela no Habblive Hotel, sem compromisso com a realidade.

Carta "Verbum Incarnatum" | Pontificia Commissio Disciplinaris Curiae Romanae

 

PONTIFICIA COMISSIO DISCIPLINARIS
CURIAE ROMANAE

CARTA
VERBUM INCARNATUM
(Felicitações a todos os membros da Cúria Romana sobre o fim de Ano)

Aos que está CARTA lerem,
saúde, paz e minha benção por parte de Nosso Senhor Jesus Cristo

    omo acontece cada ano, temos hoje ocasião de nos encontrar alguns dias antes da festa do Natal; é um modo de expressar "em voz alta" a nossa fraternidade através da troca recíproca das boas festas natalícias, mas é também um momento de reflexão e exame de consciência para cada um de nós, a fim de que a luz do Verbo encarnado nos mostre cada vez melhor quem somos e qual é a nossa missão, principalmente neste orbi habbliveano.

  Como todos sabemos, o mistério do Natal é o mistério de Deus que vem ao mundo pelo caminho da humildade. Encarnou: aquela grande synkatabasis! Infelizmente o nosso tempo parece ter-se esquecido da humildade ou simplesmente tê-la limitado a uma forma de moralismo, esvaziando-a da força incisiva de que é dotada.

    Mas, se tivéssemos de expressar todo o mistério do Natal numa palavra, creio que o termo que mais nos poderia ajudar é humildade. Os Evangelhos falam-nos dum cenário pobre, sóbrio, impróprio para acolher uma mulher que está para dar à luz. E, contudo, o Rei dos reis vem ao mundo, não dando nas vistas, mas suscitando uma atração misteriosa nos corações de quantos sentem a presença incisiva duma novidade que está prestes a mudar a história. Por isso apraz-me pensar e também dizer que a humildade foi a sua porta de entrada e convida-nos, a todos nós, a atravessá-la. Vem-me ao pensamento esta frase dos Exercícios: não se pode avançar sem humildade, nem se pode avançar na humildade sem humilhações. E Santo Inácio diz-nos para pedir humilhações.

    Todos sabemos que o contrário da humildade é a soberba. Um versículo do profeta Malaquias (que muito em impressionou) ajuda-nos, por contraste, a compreender a diferença que há entre o caminho da humildade e o da soberba: "Todos os soberbos e todos os que cometem a iniquidade serão como a palha; este dia que vai chegar queimá-los-á – diz o Senhor do universo – e nada ficará deles: nem raiz, nem ramos" (3,19).

    Recordar significa, etimologicamente, «trazer de novo ao coração», re-cordar. A memória viva que temos da Tradição, das raízes, não é culto do passado, mas gesto interior por meio do qual trazemos constantemente ao coração aquilo que nos precedeu, que atravessou a nossa história, que nos fez chegar até aqui. Recordar não é repetir, mas arrecadar, reavivar e, agradecidos, deixar que a força do Espírito Santo nos faça, como aos primeiros discípulos, arder o coração (cf. Lc 24, 32).

    Todos nós somos chamados à humildade, porque somos chamados a recordar e a gerar, somos chamados a reencontrar a justa relação com as raízes e com os ramos. Sem eles, deterioramo-nos e estamos destinados a desaparecer. Vindo ao mundo pela via da humildade, Jesus abre-nos um caminho, indica-nos um estilo de vida, mostra-nos uma meta.

    Queridos prefeitos e presidentes (Dicástérios e  Pontificíos Conselhos), se é verdade que, sem humildade, não se pode encontrar Deus nem é possível fazer experiência de salvação, é igualmente verdade que, sem humildade, não se pode sequer encontrar o próximo, o irmão e a irmã que vivem ao nosso lado. 

    A sinodalidade é um estilo, ao qual, os primeiros a converter-se, devemos ser nós que estamos aqui e vivemos a experiência do serviço à Igreja universal através do trabalho na Cúria Romana. E a Cúria – nunca o esqueçamos! – não é apenas um instrumento logístico e burocrático para as necessidades da Igreja universal, mas é o primeiro organismo chamado a dar testemunho; e por isso mesmo, na medida em que assume pessoalmente os desafios da conversão sinodal a que é chamada também ela, cresce a sua credibilidade e eficácia. A organização que devemos implementar não é de tipo empresarial, mas evangélico.

    𝔔ue o Senhor no-la conceda em dom a partir da primordial manifestação do Espírito em nós: o desejo. Aquilo que não temos, podemos ao menos começar a desejá-lo. Peçamos ao Senhor a graça de conseguir desejar, de nos tornarmos homens de grandes desejos. E o desejo é já o Espírito a trabalhar dentro de cada um de nós.

Feliz Natal a todos! E peço-vos para rezardes por mim. Obrigado!

In Christus,

Datum et promulgatum Romae, ex aedibus Pontificiae Commissionis Disciplinaris Curiae Romanae, die XXII mensis Decembris, anno MMXXII, in memoria liturgica S. Franciscae Xaverii Cabrini, sub Pontificatu Lvcivs PP.

+ Gabriel Souza Card. Giovanelli
Praefectus Pontificiae Commissionis Disciplinaris Curiae Romanae