DOM GABRIEL SOUZA CARDEAL GIOVANELLI
POR MERCÊ DE DEUS E DA SANTA SÉ APOSTÓLICA
PREFEITO DA CONGREGAÇÃO PARA A DOUTRINA DA FÉ
Nota Pastoral com indicações para o Ano Mariano
INTRODUÇÃO
Com a Carta Apostólica "Maria Mater Ecclesiae" de 25 de Maio de 2022, o Santo Padre Maximiliano I convocou o Ano Mariano. Tendo início no dia 31 de Maio 2022, por ocasião da festa litúrgica da Visitação de Nossa Senhora à sua prima Isabel, e com seu término aos 28 de Maio de 2023, na Solenidade de Pentecostes.
Este ano será uma ocasião propícia a fim de que todos os fiéis compreendam mais profundamente e desperte o amor e a devoção filial pela Virgem Maria. É olhando para a identificação estreita da Igreja com esta Santíssima Mãe que proclamo, para a maior glória de Deus. É a Maria que devemos o nascimento de Cristo Redentor. Sem dúvida Maria mesma é uma obra da graça divina. Ela jamais quis ser compreendida senão como a ser humilde e acolhedora da acção de Deus. Tudo o que Ela é e tudo o que Ela é chamada a fazer, Ela bem sabe que o deve a Deus, não só a sua fecundidade humana, mas a capacidade bem mais elevada de aquiescer ao plano de Deus, como todo o seu ser feminino. simultaneamente virginal e materno, jamais atingido pelo pecado. O homem, diz São Paulo, "o homem existe por meio da mulher", Cristo por meio de Maria, "mas tudo vem de Deus" (cf. 1 Cor 11, 12).
O Ano Mariano, quer nos propor uma breve reflexão sobre o papel da Virgem Maria no mistério de Cristo e da Igreja. Por ordem do Papa Pio, a Congregação para a Doutrina da Fé redigiu a presente Nota, em acordo com os Dicastérios competentes da Santa Sé e com a contribuição do Comitê para a preparação do Ano Mariano com algumas indicações para viver este tempo de graça, sem excluir outras propostas que o Espírito Santo quiser suscitar entre os Pastores e os fiéis nas diversas partes do mundo.
INDICAÇÕES
Ela é a Filha de Sião que, cumulada de graças inefáveis, transborda de alegria em Deus seu Salvador, no seu cântico, o Magnificat (cf. Sof 3, 14; Lc 1, 46-55): todas as gerações se hão-de regozijar com Ela e por causa dela. Esta alegria deverá ser por todas as dores da Paixão do seu Filho, mas a Assunção será o reflexo definitivo da glória de Cristo sobre a sua Mãe. Na sua fé total, não experimentou Ela toda a manifestação da sua fecundidade virginal e materna, os mais altos vértices da alegria e também os abismos do sofrimento? Ela é a mais humana das mulheres e, ao mesmo tempo, a que mais graças divinas recebeu.
Neste sentido, as seguintes indicações para o Ano Mariano desejam favorecer tanto o encontro com Cristo por meio de autênticas testemunhas da fé, quanto o conhecimento sempre maior dos seus conteúdos. Trata-se de propostas que visam solicitar, de maneira exemplificativa, a pronta responsabilidade eclesial diante do convite do Santo Padre a viver em plenitude este Ano como um especial “tempo de graça”. A redescoberta alegre da fé poderá contribuir também a consolidar a unidade e a comunhão entre as diversas realidades que compõem a grande família da Igreja.
I. A nível de Igreja Universal
1. O principal evento eclesial no começo do Ano Mariano, convocado pelo Papa Maximiliano I para o ano de 2022 e dedicado à nova evangelização para a transmissão da fé cristã, através do SIM de Maria. Durante este ano, nos dias de festas, solenidades e memorias litúrgicas que trazem Maria como fundamento deverá ser rezado uma Missa por todo o Clero em diverssas partes do orbe virtual.
2. No Ano Mariano devem-se encorajar as romarias dos fiéis às Sés Marianas, para ali professarem a fé em Deus Pai, Filho e Espírito Santo, unindo-se àquele que é chamado hoje a confirmar seus irmãos na fé (cf. Lc 22, 32). Será importante favorecer também as romarias à Terra Santa, lugar que por primeiro viu a presença de Jesus, o Salvador, e de Maria, sua mãe.
3. No decorrer deste ano será útil convidar os fiéis a se dirigirem com devoção especial a Maria, figura da Igreja, que “reúne em si e reflete os imperativos mais altos da nossa fé”. Assim pois deve-se encorajar qualquer iniciativa que ajude os fiéis a reconhecer o papel especial de Maria no mistério da salvação, a amá-la filialmente e a seguir a sua fé e as suas virtudes. A tal fim será muito conveniente organizar romarias, celebrações e encontros junto dos maiores Santuários.
4. Deseja-se que sejam organizados simpósios, congressos e encontros de grande porte, também a nível internacional, que favoreçam o encontro com autênticos testemunhos de Maria e o conhecimento dos conteúdos da doutrina católica. Demonstrando como também hoje a Palavra de Deus enraizada na vivencia mariana em nossas comunidades continua a crescer e a se difundir, será importante dar testemunho de que em Jesus Cristo “encontra plena realização toda a ânsia e anélito do coração humano”e que a fé “se torna um novo critério de entendimento e de ação que muda toda a vida do homem”. Alguns congressos serão dedicados à redescoberta dos ensinamentos do Concílio Vaticano I.
5. Este ano será a ocasião propícia para acolher com maior atenção as homilias, as catequeses, os discursos e as outras intervenções do Santo Padre. Os Pastores, as pessoas consagradas e os fiéis leigos serão convidados a um empenho renovado de efetiva e cordial adesão ao ensinamento do Sucessor de Pedro.
6. Junto a Congregação para os Leigos será instituída uma Secretaria Especial para coordenar as diversas iniciativas relativas ao Ano Mariano, promovidas pelos vários Dicastérios da Santa Sé ou que tenham relevância para a Igreja universal. Será conveniente informar com tempo esta Secretaria sobre os principais eventos organizados: ela também poderá sugerir iniciativas oportunas a respeito. A Secretaria abrirá para tanto um site internet com a finalidade de oferecer todas as informações úteis para viver de modo eficaz o Ano Mariano.
II. A nível de Conferências Episcopais
1. As Conferências Episcopais poderão dedicar uma jornada de estudo ao tema da fé, do seu testemunho pessoal e da sua transmissão às novas gerações, na consciência da missão específica dos Bispos como mestres e “arautos de Maria”.
2. O mundo contemporâneo é sensível à relação entre fé e arte. Neste sentido, se aconselha às Conferências Episcopais a valorizar adequadamente, em função catequética e eventualmente em colaboração ecumênica, o patrimônio das obras de arte presentes nos lugares confiados à sua cura pastoral.
III. A nível de Paróquias, Comunidades e Movimentos
1. Durante o Ano Mariano, todos os fiéis são convidados a ler e meditar atentamente a Carta Apostólica ''Maria Mater Ecclesiae'', do Santo Padre Maximiliano I.
2. Será oportuno promover missões populares e outras iniciativas nas paróquias e nos lugares de trabalho para ajudar os fiéis a redescobrir o dom da fé batismal e a responsabilidade do seu testemunho, na consciência de que a vocação cristã “é também, por sua própria natureza, vocação ao apostolado”.
3. As Associações e os Movimentos eclesiais são convidados a serem promotores de iniciativas específicas, as quais, pela contribuição do próprio carisma e em colaboração com os Pastores locais, sejam inseridas no grande evento do Ano Mariano. As novas Comunidades e os Movimentos eclesiais, de modo criativo e generoso, saberão encontrar os modos mais adequados para oferecer o próprio testemunho de fé ao serviço da Igreja.
4. Todos os fiéis, chamados a reavivar o dom da fé, tentarão comunicar a própria experiência de fé em Maria e de caridade dialogando com os seus irmãos e irmãs, também com os das outras confissões cristãs, com os seguidores de outras religiões e com aqueles que não crêem ou são indiferentes. Deste modo se deseja que todo o povo cristão comece uma espécie de missão endereçada aqueles com os quais vive e trabalha, com consciência de ter recebido “a mensagem da salvação para a comunicar a todos”.
CONCLUSÃO
O Apocalipse no-la mostra na imagem da Mulher entre o céu e a terra. Ela geme nas dores do seu parto, pois sintetiza toda a fé de Israel e, secretamente, o desejo da humanidade inteira que espera a própria libertação. Ela geme também como mãe de todos os irmãos e de todas as irmãs de Jesus, isto é, de todos os membros do seu Corpo místico, em particular dos pobres e dos peregrinos por causa do Evangelho, pois Ela é ao mesmo tempo Mãe da Igreja e a sua mais pura realidade (cf. LG 65): a Igreja mesma imaculada (cf. Ef. 5, 27). As indicações aqui oferecidas têm o fim de convidar todos os membros da Igreja ao empenho a fim de que este Ano seja a ocasião privilegiada para partilhar aquilo que o cristão tem de mais caro: Cristo Jesus, Redentor do homem, Rei do Universo, “autor e consumador da fé” (Heb 12, 2).
In Christus,
Datum Romae, ex aedibus Congregationis de Institutione Catholica, die die 6 Augusti 2022 in memoria liturgica beati Nazarii Dulny Martyris; sub Pontificatu Summi Pontificis Pius PP.
+ Gabriel Souza Card. Giovanelli
Praefectvs Congregatio pro Doctrina Fidei