DOM MARCOS NUNES CARD. DI MONTSERRAT
CARDEAL DIÁCONO DI SÃO MARCELO NO CORSO
POR MERCÊ DE DEUS E DA SÉ APOSTÓLICA
PREFEITO DO DICASTÉRIO PARA O INSTITUTO DE VIDA CONSAGRADA E SOCIEDADE DE VIDA APOSTÓLCA
A todos que lerem esta instrução, saúde e bênçãos por parte de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Ser testemunha viva do Evangelho
1. A característica de ser testemunha autêntica da continuidade da obra de Cristo, em ser missionário (a) do Senhor, é constituído por seguir o exemplo Dele que por si, foi obediente, humilde e sobretudo amoroso e compassivo com aqueles que o procuravam.
2. A solicitude visível dos homens por testemunhas vivas do Evangelho, vem causando grande percussão no mundo atual, principalmente no mundo virtual, observando que as divergências problemáticas de suas vidas pessoais e espirituais vem acarretando dificuldades em suas próprias caminhadas causando, por fim, dúvidas entre a fé e a razão.
3. A fé e a razão que devem ser deslumbrante no perfil daqueles que consagraram sua vida ao Senhor, deve sempre ser mantida em equilíbrio perfeito, a fim de conduzir o homem a Deus pela mesma lei de um da outra, isto é, a mesma lei que te leva a razão também te levará a fé e por consequência a Deus.
4. Absorvendo esse conhecimento, é compreensível e permissível que os missionários tenham uma boa conduta moral e espiritual para apresentar-se a sua comunidade, visando as necessidades daquele local e buscando sempre conduzir todos á Deus em comunhão com a Santa Igreja e o Sumo Pontífice.
5. No nosso ambiente virtual não será diferente, vendo que a finalidade das ordens religiosas nesse âmbito é unicamente atender aqueles que precisam de um conforto espiritual e de uma evangelização. Através do carisma pessoal de cada uma, o objetivo maior e fundamental é aproximar todos aqueles que se sentirem em conforto com os dogmas, preceitos e estilo de vida de cada uma das ordens.
6. A finalidade do documento, é indicar caminhos que podem ser adaptáveis a nossa realidade buscando aproximar cada vez mais os nossos irmãos e irmãs dispersos pelo mundo virtual.
''Há um só corpo e um só Espírito, como também há só uma
Esperança á qual fostes chamados, a de vossa vocação. (Cf. Ef 4,4)
O chamado do Pai para com os seus filhos
7. A intuição suprema que prevalece do coração do homem, deve-se ao fato da voz do Senhor que a chama para cumprir a sua missão para que prevaleça a vontade Dele e o objetivo de seu plano em sua vida possa ser realizado com êxito.
8. A vocação é a esperança de ser uma testemunha do Evangelho de Cristo, visto que é um chamado que deve ser ouvido pelo coração. Devido ao fato de ser um objetivo de caráter moral e espiritual, é mais que necessário um bom momento de reflexão para haver uma concordância consigo mesmo, em seu íntimo sem interferências humanas, para por fim, atender o chamado do Pai.
9. É mais que justo, a reflexão através do carisma da instituição religiosa, ou seja, deve ser considerado que a escolha para atender a uma vocação pode ser feita através de uma intimidade maior com a mesma, analisando e concordando com o estilo de vida, dogmas, instruções, organizações, etc.
A grandeza da liberdade
10. Por natureza, o homem tem uma sede insaciável pela liberdade que por muitas vezes quando não é saciada, ou até mesmo na tentativa de saciar, se torna uma condenação para os mesmos. O Senhor quer que o homem tome a sua própria decisão sem forçar algo que não trará benefício algum. [1]
11. Compreender em que não pode ser forçado nenhuma decisão, já é um bom passo para evangelizar aqueles que precisam, pois, é preciso tocar em seu íntimo para que a decisão venha de dentro para fora e não o reverso.
12. O verdadeiro missionário deve buscar saber em qual momento agir ao evangelizar alguém e respeitar, acima de tudo, a vontade daquele que está sendo catequizado. ''Para que livres, possamos servir em santidade e justiça'' (Cf. Lc 1, 74-75).
A quem buscamos?
13. Por vezes, nos perguntamos a objetividade de nossas missões e quem buscar no desempenho delas. A resposta é tão simples e mutua, buscamos aqueles que foram realmente tocados em seu coração pelo nosso testemunho e que procuram o Deus Vivo, o Princípio e o fim de todas as coisas. [2]
14. A vontade de quem procura o Deus vivo deve ser benévola, boa e condizente a sua consciência humana, para poder haver um melhor discernimento sobre aquela pessoa e sobre a sua vida espiritual.
A consciência e a autoridade, qual seguir?
15. Em certos momentos da carreira missionária, o consagrado ou consagrada enfrentará momentos de decisão onde deverá escolher entre a sua consciência e a sua autoridade moral.
É fundamental que se permaneça neutro, independente da situação, pois a neutralidade levará a tomar a decisão mais sábia.
16. O tempo necessário para uma reflexão, também pode servir de apoio para a decisão final.
17. Por fim, o consagrado ou consagrada deve tomar o maior cuidado para não cair no abismo da vaidade e buscar ser justo em suas decisões, pois a justiça humana que se espelha na justiça do Senhor pode ser a mais pura e a mais perfeita.
Sobre como lidar com o ateísmo nas localidades virtuais
18. O homem em si, é instruído a ter a sua liberdade de pensamento, principalmente no mundo atual, e o posicionamento fundamental é sobre tudo o respeito, já que todos nós somos livres pela vontade do Senhor.
19. A Igreja defende que o reconhecimento de Deus de modo algum se opõe á dignidade do home, muito pelo contrário, o reconhecimento de um ser divino e supremo, do qual criou tudo e todos, é edificante já que essa dignidade se funda no próprio Deus.
20. Ao lidar com o pensamento ateísta, é necessário entender que discussão fora do contexto doutrinário pode acarretar uma confusão de ideologias, tanto por parte do religioso ou religiosa quanto por parte do homem com esse pensamento, já que a dignidade de reconhecer a existência de Deus no qual a Igreja prega, pode ser mal vista pelos olhos de quem não conseguiu abrir os olhos espirituais para o Criador. Por isso, deve ser evitado qualquer tipo de discussão que semeie o ódio e o rancor entre a comunidade e o consagrado (a).
21. É missão do missionário (a) procurar entender por quais motivos surge aquele pensamento naquele ambiente virtual, semear a doutrina cristã católica respeitando os limites e a liberdade de expressão e pensamento e por fim, se for pela livre e espontânea vontade do homem que está sendo evangelizado, evangeliza-lo unicamente para servir ao Pai.
Sobre a diversidade de crenças
22. A dignidade humana através da sua conduta moral e espiritual, deve sempre ser espelhada na vida do próprio Cristo que foi humilde, obediente e amoroso com aqueles que vinham ao seu encontro. Entretanto, as diversas crenças presentes na nossa plataforma virtual, pode fugir dessa realidade e se tornar distante de todos os dogmas da Igreja.
23. O respeito e o amor devem ser estendidos a fim de uma boa convivência entre todos, já que um local com diversas crenças diferentes pode ocasionar o ódio e a maldade não é isso que o missionário (a) deve levar em seu coração e tão pouco, deve usar os dogmas da Igreja como desculpa para espalhar a discórdia.
24. Os dogmas da Santa Igreja devem ser ensinados aqueles que precisarem, estendendo-se com amor e respeito para aqueles que buscam compreende-los ou a conversão de suas almas.
A real necessidade
25. A fim de suprir as necessidades pastorais e ideológicas, com a intuição de instruir os religiosos (as), missionários (as) e vidas consagradas, o objetivo de tudo aquilo que foi citado não é ser decretado e seguir obrigatoriamente e sim, ajudar todos aqueles que fazem parte de nosso apostolado a terem uma boa conduta moral e doutrinária perante aqueles que precisam de nós. Também, a finalidade deste documento passa a servir como instrução e se estende a todos aqueles que precisam.
26. Lembremos, também, na essência do amor que Cristo nos deu para continuarmos a sua obra, sendo verdadeiros discípulos pregando toda a nossa fé com amor e humildade. ''nisso, reconhecerão todos que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros'' (Cf. Jo 13, 35).
27. No mais, rogamos ao Pai Misericordioso que tenha compaixão de nós e proteja-nos na caminhada da vida, prezando pelo amor e o respeito com nossos irmãos e irmãs desolados pela falta de fé e acolhimento.
28. Que Nossa Senhora Auxiliadora nos proporcione o seu auxílio em nossas jornadas missionárias, para que tudo seja feita pela vontade do Senhor.
Dado e passado em Roma no dia 28, do mês de abril, durante o Ano Mariano de 2023.