LVCIVS, EPISCOPVS
SERVVS SERVORVM DEI
Veneráveis Cardeais, queridos Bispos,
estimados Sacerdotes e Diáconos.
''Ai de mim se eu não anunciar o Evangelho!''
(1Cor 9,16)
Com esta constatação certeira, o Apóstolo São Paulo tinha dentro de si convicção de que Cristo é o único Salvador de todos; o único capaz de nos revelar e de nos conduzir a Deus. Tinha consciência, também, de que nele o Pai se revelou de forma definitiva, deu-se a conhecer de modo pleno, disse à humanidade quem é e o que deseja de nós. Por isso, anunciá-lo era a razão de ser de sua vida. A omissão e os desleixo para com a missão evangélica e missionária era fato descartado. A fidelidade ao anúncio do evangelho e o seu bom cumprimento era fato imprescindível.
Diante de tal fato, cumprindo a missão de congregar a unidade da Igreja na comunhão com o Sumo Pontífice e visando orientar com palavras aqueles que estão sob os meus cuidados, direciono esta carta a todos aqueles que receberam o grau da ordem: Diaconato, Presbiterato e Episcopado, exortando-os com as palavras da Sagrada Escritura sobre a importância e a responsabilidade espiritual que adquiriram para si no dia de suas respectivas ordenações. Os Ministros Ordenados devem ser os principais anunciadores e motivadores do anúncio do Evangelho, pois tanto a Palavra de Deus quanto o Ministério da Ordem são eternos e não passam. Devo recordá-los a necessidade de cuidarem de si mesmos através da oração, da confissão, do acompanhamento espiritual com outros clérigos, da vivência em comunidade, afim de evitarmos o isolamento social que tem acometido muitos clérigos causando-lhes depressão, ansiedade e outras doenças que muitas vezes tem finais trágicos e tristes como o suicídio.
É tempo de edificar, construir pontes por cima dos muros que outrora foram obstáculos para a convivência fraterna e harmoniosa entre os Pastores da Igreja. Esses muros que edificamos em nome de um carisma tradicional ou progressista, os muros da discórdia, da separação, do julgamento, da rotulação, do apontamento, das desavenças pessoais, das amarguras, dos rancores e que acabaram por aprionar-nos dentro de nossos próprios defeitos e falhas, dentro da bolha e do ambiente hostil que nós mesmos criamos. Mas, o Senhor misericordioso e compassivo, aquele que tudo faz e desfaz, mais uma vez nos dá uma nova chance de recomeçar, primeiro através de um exame de consciência e uma mudança interna e depois, analisar de maneira pessoal nossa missão e nossas atitudes, identificar se são coerentes com aquilo que estamos professando e ensinando. Os Pastores da Igreja devem ser aqueles homens distintos dentre os demais, não por posses ou status, mas por espelharem-se no sacerdócio de Cristo, por quem agimos.
Que a mudança que vem ocorrendo em toda a Igreja desde o Concílio Vaticano I possa também atingir o Clero para que caminhemos numa mesma sintonia em benefício da evangelização cristã e a guia dos fiéis rumo a salvação de suas almas. Que o Senhor não permita que sejamos sacerdotes omissos ou de vida dupla em nossa missão, para que isso não seja pesado no dia do nosso julgamento.
Dessarte, rogo a cada clérigo que celebre ainda neste mês uma Missa votiva pela Igreja de modo que estejamos todos unidos em oração e comunhão em intenção do Ministério dos Ministros Ordenados da Igreja e do II Sínodo dos Bispos que ocorre no término deste presente mês.
Dito isto, na esperança de que serei atendido, despeço-me concedendo-lhes minha pia Bênção Apostólica ao passo que rogo a Cristo, Sumo Sacerdote e a São João Maria Vianney, o Cura d'Ars, Padroeiro dos Sacerdotes para que através de suas interseções toquem no coração de cada Ministro Ordenado da Igreja afim de que possa ouvir novamente no íntimo do seu coração o chamado para ser fiel operário da vinha do Senhor e que não comunguem da própria condenação por romperem seus votos sagrados, pois Aquele que nos chamou é fiel!
Dado em Roma, junto a São Pedro, aos 17 dias do mês de Janeiro do Ano Mariano de 2023, primeiro do meu Pontificado.
Em Cristo Jesus;
+ Lvcivs Pp.
Pontifex Maximvs