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Carta Pastoral "Sobre a urgência da renovação na vocação Laical" | Congregação para os Leigos

 

DOM MARCUS ANTONIUS DI VEGESELA
POR MERCÊ DE DEUS E DA SANTA SÉ APOSTÓLICA
CARDEAL BISPO DI PALESTRINA
PREFEITO DA CONGREGAÇÃO PARA OS LEIGOS

A todos que lerem, paz e bem.

Os batizados, pela regeneração e pela unção do Espírito Santo, são consagrados para serem casa espiritual, sacerdócio santo, para que, por meio de todas as obras próprias do cristão, ofereçam oblações espirituais e anunciem os louvores daquele que das trevas os chamou à sua admirável luz (cfr. 1 Ped. 2, 4-10)”. [1]

Sob esta inspiração, o Sagrado Concílio Ecumênico Vaticano II quis tonar clara à Igreja sua missão de estabelecer o Reino de Deus com a imprescindível e salutar participação ativa e eficaz de todos os batizados. O múnus sacerdotal não está apenas restrito aos ministros ordenados. Todo povo fiel, pelo Batismo, participa do Sacerdócio de Cristo e sua missão. E nesta missão, junto à sociedade, os fieis leigos têm maior importância e participação eficaz, pela realidade em que estão inseridos.

O concílio mesmo esclarece: “os fiéis, por sua parte, concorrem para a oblação da Eucaristia em virtude do seu sacerdócio real, que eles exercem na recepção dos sacramentos, na oração e ação de graças, no testemunho da santidade de vida, na abnegação e na caridade operosa.” [2] Assim, “os leigos são especialmente chamados a tornarem a Igreja presente e ativa naqueles locais e circunstâncias em que só por meio deles ela pode ser o sal da terra. Deste modo, todo e qualquer leigo, pelos dons que lhe foram concedidos, é ao mesmo tempo testemunha e instrumento vivo da missão da própria Igreja, segundo a medida concedida por Cristo (Ef. 4,7).” [3]

Deste modo, faz-se mui necessária uma eficaz ação pastoral evangelizadora que integre na comunidade os fieis leigos e leigas. É preciso dar “espaço e voz dentro de nossas Paróquias, para que possamos, abertos ao diálogo, evangelizar e catequizar” [4], pois não somos Igreja para nós mesmos. Se o clero, fechado em si mesmo e indisponível à missão, não faz com que seu ministério se configure ao Cristo Bom Pastor que vai de encontro às ovelhas perdidas, então a missão e vocação da Igreja terá fracassado.

Este é um desafio que exige coragem e comprometimento. Em nossa realidade virtual, é preciso proporcionar novos espaços e momentos que nos mostrem como Igreja e que dê abertura ao diálogo, à escuta, à reflexão. É necessário mapear o perfil do rebanho: quem são? De que origem? Tem fé? A que fé pertencem? Que noção de Deus e de Igreja eles têm? A partir daí, elaborar uma catequese contextualizada com esta realidade e que apresente o que é principal na fé da Igreja.

Mas para que isso ocorra de maneira frutuosa, será preciso que nos desvencilhemos de preconceitos e julgamentos. Não se evangeliza e nem se converte sob pressão, coação e intimidação. No tribunal divino, não somos juízes, mas advogados empenhados na absolvição e libertação que Ele, o Justo Juiz, quer empregar.

A vocação leiga deve ser a primeira e a base de todas as demais. E de uma conversão bem sucedida, brotarão abundantes frutos. Se não começarmos a fazer isto, e revermos com seriedade nossa ação pastoral, seremos apenas um grupo de pessoas, reunidas como qualquer instituição, associação, ONG ou RPG, mas não a Igreja de Jesus Cristo!

Dado em Roma, junto ao Gabinete da Congregação para os Leigos, aos 12 dias do mês de novembro de 2022, Ano Mariano.



+Marcus Antonius Di Vegesela

Prefeito

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[1] Constituição Dogmática Lumen Gentium, sobre a Igreja, n. 10

[2] idem.

[3] idem, 33

[4] Congregação para os Leigos, Carta: Laici experientia, sobre "A vivência Laical".