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Catequese do Papa Lúcio | 05 de Outubro de 2022

LVCIVS, EPISCOPVS
SERVVS SERVORVM DEI


Vaticano, 05 de Outubro de 2022.

Caríssimos irmãos e irmãs em Cristo, saudações e bênçãos no Senhor!

Neste nosso segundo encontro iremos meditaremos o evangelho de Mateus que há pouco nos foi proclamado e a sua relação com o mês do qual vivenciamos a experiência de sermos missionários. Atendo-nos ao evangelho, encontramos Jesus próximo da conclusão de sua missão terrestre, ele mesmo tendo ciência disso. Por outro lado, notamos a inconformidade dos Apóstolos que pareciam ainda não compreender a missão do Mestre. Dentre eles, Pedro é figura notável. Jesus porém toma uma postura áustera e firme no sentido de admoestar o Apóstolo Pedro quanto a sua missão que deveria ser concluída. Cristo refere-se a Pedro naquele momento como pedra de tropeço, pelo fato de indiretamente estar impedindo que o Senhor de fato morresse na Cruz por nós. Num belíssimo trecho deste evangelho, Jesus nos indica o caminho pelo qual devemos trilhar se quisermos de fato seguí-lo: Tomar a nossa cruz e caminhar junto d'Ele. Jesus vai à nossa frente, guiando-nos e orientando-nos nos caminhos do Pai, sobretudo, ratificando que quem perder a sua vida por Deus neste mundo, grande recompensa terá no paraíso.

Nesse sentido, vemos claramente que o Senhor nos impele à missão evangélica em anunciar a sua boa-nova aqueles que ainda não o conhecem. A essência missionária que os cristãos são chamados a vivenciar, sobretudo neste mês, vem essencialmente de Cristo. Em sua vida, Jesus não viveu de outra forma se não caminhando e pregando a Palavra de Deus e anunciando um novo reino, do qual nós fazemos parte e a cada dia colaboramos na sua construção definitva por meio de nossas palavras e ações enquanto seguidores de Cristo, nosso maior exemplo de imitação. Neste mês missionário, a Igreja quer nos recordar este importante princípio: sairmos do nosso conforto e anunciar o Cristo, não como um rei soberano e autoritário, mas um Jesus pobre e missionário, andarilho que bate à nossa porta e deseja entrar. Uma Igreja em saída, que esteja perto de seu povo e da sua realidade, pois é esse o autêntico evangelho que Jesus nos ensinou durante toda a sua trajetória terrestre. Foi-se o tempo em que esta Igreja possuia características monárquicas e membros do clero vivendo feito nobres assentados em suas cátedras ou desfrutando das mordomias de seus palácios. Esta Igreja não existe mais, Jesus a derrubou com sua ira. Sim, a ira de ver seus ministros e fiéis corrompidos pela luxúria, pela ganância e pela sedência de cargos, poder e status. São enormes as consequências que este período obscuro causou e ainda causa na Igreja. Pode e deve ser combatido veementemente, pois trata-se de uma Igreja longe e distante daquilo que o Senhor quer de nós.

É necessário nestes tempos em que vivemos, uma saída ao encontro daquelas almas dispersas e miseráveis, que em meio a sua pobreza e a labuta diária ainda não possuem uma perfeita e singela aproximação com Cristo, que é como elas, sobretudo na humildade. Clérigos e fiéis parecem dar testemunho contrário à caridade e a pobreza evangélica vivenciada pelos primeiros cristãos, que não tinham luxo e nada que os empoderasse, mas tinham algo muito valioso dentro de seus corações que ninguém, apesar de tantos horrores ocorridos na história, pôde tirá-los: A sua fé e seu amor em Jesus Cristo!

Caríssimos irmãos e irmãs, celebrando o Mês das Missões, reflitamos sobre o nosso papel na Igreja. Estou sendo um bom cristão? Estou cuidando da minha alma e conduzindo meus irmãos à verdade que é Cristo e Sua Igreja ou estou mais preocupado com as coisas do mundo? Estejamos com o coração aberto para despertar o ser missionário que habita em nós e em toda a Igreja, para que no dia do nosso encontro definitivo com o Pai, Ele possa recordar-se deste nosso pequeno feito e nos conceda uma vida ao Seu lado na eternidade.

Que o Senhor caminhe ao nosso lado e que a exemplo de São Francisco de Assis, que celebramos ontem, possamos ser pobres não somente de posses, mas pobres de espírito no sentido de humilhar-se para imitar Aquele que se humilhou por nós primeiro.

Maria Santíssima, a primeira catequista e missionária passe à nossa frente abrindo as portas e  caminhos e indicando-nos Seu filho Jesus.

Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo!

Em Cristo Jesus;

+ Lvcivs Pp.
Sumo Pontífice

Catequese do Papa Lúcio em 05 de Outubro de 2022, Audiência Geral na Praça de São Pedro, no Vaticano.