DIRETÓRIO LITÚRGICO
PARA O TEMPO QUARESMAL
DOM GREGÓRIO CARDEAL MAGNUS
POR MERCÊ DE DEUS E DA SANTA SÉ APOSTÓLICA
CARDEAL BISPO DI VELLETRI-SEGNI
PREFEITO DA CONGREGAÇÃO PARA O CULTO DIVINO
E DISCIPLINA DOS SACRAMENTOS
A todos que aqui lerem, saudações e bençãos.
A quaresma foi instituída: 1° para nos fazer conhecer a obrigação que temos de fazer penitência em todo o tempo da nossa vida, da qual, segundo os Santos Padres, a Quaresma é a figura; 2° para imitar de algum modo o rigoroso jejum de quarenta dias de Cristo no deserto; 3° para nos preparar de uma forma mais intensa, à celebração da Páscoa do Senhor.
1 - Períodos Litúrgicos
1. Sabemos, que o tempo da quaresma se inicia na próxima quarta-feira, (02/03), com a celebração das cinzas. Este período quaresmal, se estende os próximos 44 dias, encerrando-se na tarde de quinta-feira, da semana santa.
2. A quaresma se divide em dois períodos, sendo estes: O primeiro período que se inicia na quarta-feira de cinzas e se estende até o IV domingo da quaresma, no qual a liturgia nos apresenta como tema, a conversão e a penitência. O segundo período, que se inicia do V domingo da quaresma, no qual nos voltamos para os acontecimentos que levam a morte de Cristo.
2 - Quarta-Feira de Cinzas
3. A Igreja, no princípio da Quaresma, impõe as cinzas a fim de que nós, lembremo-nos de que somos feitos de pó, e que após nossa morte nos havemos de reduzir ao pó. [1]
3.1 As cinzas devem ser impostas sobre os fiéis na celebração da santa missa, conforme o rito. As cinzas poderão ser distribuídas até o primeiro domingo, após esta data não se poderá mais impô-las.
4. Somente um sacerdote poderá abençoar as cinzas.
5. As cinzas poderão ser distribuídas por qualquer ministro.
6. O rito da benção e imposição das cinzas não é necessariamente unido à Missa; pode ser celebrado sem esta. Neste caso, é oportuno fazer preceder ao rito uma Liturgia da Palavra, como na Missa, com o canto de entrada, a oração e as leituras com os cânticos correspondentes; segue-se a homilia, depois a benção e imposição das cinzas. O rito termina com a oração dos fiéis.
3 - Ornamentação do Espaço Celebrativo
7. No tempo da Quaresma não é permitido adornar o altar com flores. Excetuam-se, porém, o domingo Laetare (IV da Quaresma), as solenidades e as festas. A ornamentação com flores deve ser sempre sóbria e, em vez de as pôr sobre a mesa do altar, disponham-se junto dele. [2]
8. Perante o costume do "velatio", isto é, a velação e cobrimento das cruzes e imagens sacras, poderão ser feitas no sábado da IV semana, ou no decorrer da quaresma toda. As imagens deverão ser cobertas com um pano roxo e deverão ser mostradas apenas na vigília pascal.
4 - Solenidades no Tempo Quaresmal
9. As solenidades e as festas tem precedência sobre as férias da Quaresma. No caso em que a solenidade de S. José, esposo da Virgem Maria (19 de março) e da Anunciação do Senhor (25 de março) - como outras possíveis solenidades inscritas no Calendário particular - coincidirem com os Domingos da Quaresma, antecipa-se sua celebração para o sábado. Uma solenidade que eventualmente cair nos dias da Semana Santa, transfere-se para o primeiro dia livre após a oitava de Páscoa.
5 - Cantos Litúrgicos
10. Em toda a celebração liturgia, omite-te o canto do "Aleluia", desde a quarta-feira de cinzas até a celebração da Vigília Pascal.
10.1. No tempo quaresma, ao em vez do aleluia, canta-se um canto apropriado.
11. É o silêncio que predomina. Para ajudar nessa vivência, é aconselhável também que, se for possível, evite na Quaresma tocar instrumentos musicais. Não deve ter baterias e instrumentos de percussão. A não ser que seja somente para sustentar o canto. Fora disso, nada de música instrumental (teclado ou violão).
Na Quinta-feira Santa após a celebração os instrumentos devem permanecer guardados até o Canto do Glória na Vigília Pascal.
6 - Ordenações
12. Quando o rito de ordenação é celebrado em dias festivos, ou em domingos do tempo quaresmal, se faz o uso da cor e liturgia do dia.
12.1. Nos domingos não se faz o uso do Hino de Louvor.
Conclusão
Tempo de conversão, tempo da Verdade que nos «tornará livres» (Jo 8, 32), porque não podemos enganar aquele que sonda «os corações e as mentes» (Sl 7, 10). Perante Deus nosso Criador, perante Cristo nosso Redentor, de que nos podemos orgulhar? Que riquezas ou que talentos nos poderiam dar qualquer superioridade?
Maria ensina-nos que as verdadeiras riquezas, as que não passam, vêm de Deus; nós devemos desejá-las, ter fome delas, abandonar tudo aquilo que é fictício e passageiro, para receber estes bens e recebê-los em abundância. Convertemo-nos, abandonemos o velho fermento (cf. 1 Cor 5, 6) do orgulho e de tudo aquilo que conduz à injustiça, ao desprezo, à ânsia de possuir egoisticamente dinheiro e poder.
Dado e passado em Roma, no gabinete da Congregação para o Culto Divino e Disciplina dos Sacramentos, no dia 23 de Fevereiro do ano da graça do Senhor de 2022.