Aos estimados Cardeais, Bispos, Padres, Diáconos, Seminaristas, Religiosos e Religiosas, leigos e leigas da Santa Igreja, a minha humilde saudação.
Enquanto escrevo estas palavras, transcorrem os últimos minutos da quinta-feira santa, dia em que Nosso Senhor se deu a nós como alimento e, ao mesmo tempo, nos ensinou que a Eucaristia passa pelo serviço humilde e desinteressado aos irmãos e irmãs. Ser ministros ordenados da Igreja exige essa fidelidade com o mandamento do Senhor.
No último conclave que nossa Igreja viveu, os irmãos cardeais julgaram este indigno servo como apto para exercer o ministério petrino de conduzir a Igreja. Aceitei e assumi tamanho fardo, não confiando em mim mesmo, mas recordando-me de Nosso Senhor que nos consola ao dizer que seu jugo é suave e seu fardo é leve (cf. Mt 11,30). Em minha conduta diária, procurei manter-me firme naquilo que julguei melhor para a Igreja. Em nossas limitações e falhas cotidianas o Senhor Jesus sempre nos ampara e auxilia, e só por confiar imensamente em sua graça, permaneci na Cátedra de Pedro sem medo.
Nos três meses que Deus me confiou esta missão, caminhamos consideravelmente no amadurecimento da fé e de nossa vivência eclesial habbliveana. Mas é preciso “avançar para águas mais profundas” (cf. Lc 5,4). Por isso, chega a hora deste humilde pastorzinho retirar-se à sua insignificância, para que outros possam também dedicar o pouco de si na construção do Reino.
Assim sendo, em plena consciência de meu ato, sob livre e espontânea vontade declaro publicamente que RENUNCIO ao Ministério de Bispo de Roma, Sucessor de São Pedro e Sumo Pontífice da Igreja. A Renúncia Pontifícia se consume no próximo dia 04 de abril, Domingo da Páscoa do Senhor, às 19h, devendo os Padres Cardeais convocarem o Conclave para eleição do novo Pontífice.
Após a consumação da Renúncia, renuncio também à dignidade cardinalícia, voltando a compor o Colégio Episcopal da Santa Igreja. De igual modo, também comunico que continuarei a serviço da Igreja como EMÉRITO a partir da data supracitada.
Agradeço a todos, indistintamente, pois o Papa não pode nada sozinho, mas somente com a cooperação de muitos! Que Deus continue nos abençoando!
Por fim, só posso exclamar juntamente com o Apóstolo Paulo: “combati o bom combate, terminei a corrida, guardei a fé” (cf. 2Tm 4,7).
Roma, 01 de abril do Ano Santo da
Misericórdia de 2021, Quinta-feira Santa.
