Sexta-feira, 01 de janeiro de 2021
Ao iniciarmos um novo ano civil a Igreja nos brinda com a figura de Maria, Mãe de Deus, para que, ao seu exemplo, sigamos os passos do Mestre Jesus nesta nova etapa de nossa vida, que o início de um novo ano simboliza.
A vinda de Deus, feito homem em
Jesus na nossa História, é o ato inaugural da instauração do Reino de Deus
entre nós. Nesse projeto, aqueles que eram desprezados e tipos como últimos da
sociedade, são agora colocados como peças chaves nos planos de Deus. Essa inversão
de valores, Maria já havia entendido quando, em seu louvor a Deus no magnificat
proclama: “derrubou os poderosos de seus tronos e elevou os humildes” (Lc 1,
52). Os pastores foram os primeiros a quem o Divino Salvador quis se
manifestar. Esses mesmos pastores faziam parte daqueles que eram tidos como
impuros; gente que não se devia dar valor. Mas é a eles que a multidão de anjos
proclama o nascimento do Messias. Um Messias diferente do esperado. Não um
líder populista, nacionalista, que lideraria seu povo com cetro de ouro. Mas um
líder do povo – na expressão mais justa da palavra- que no futuro iria se
identificar como o Bom Pastor, para proclamar a libertação do julgo das forças
opressoras do pecado e da morte, como também de toda dominação injusta neste
mundo.
Assim como os pastores, Maria de
Nazaré também representava aquela parcela da população desprezada, mas que com
o Reino de Jesus, é colocada nos primeiros lugares. A tradição judaica, profundamente
patriarcal e machista, sempre enxergou a mulher como objeto e propriedade do
homem. A função da mulher era de dar filhos ao marido, para que ele perpetuasse
sua memória. Não tinham voz nas decisões comunitárias, e nem mesmo nas religiosas.
Nas sinagogas e no Templo, somente os homens pregavam. Somente os homens
participavam dos estudos das Escrituras. Em Maria, esse paradigma é quebrado. É
a uma mulher que Deus pede permissão para entrar no mundo. Foi primeiro a ela-
não a José- quem o anjo fez primeiro o grande anúncio. Na genealogia de Jesus,
não é somente o nome do Pai que aparece- como era o costume- mas o nome de
Maria também. Na narrativa de hoje, o evangelista cita o nome dela antes do
nome do pai do menino (Lc 2, 16).
Maria é exemplo de fé e de resistência. Fé por confiar e se entregar a Deus. Resistência, por assumir as possíveis consequências desse ato. Vale lembrar que ser mãe solteira, como foi Maria, era motivo para pena de morte naquela época. Maria assumiu com coragem sua missão, dando a todos nós hoje, o modelo do perfeito discipulado do Messias Jesus.
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