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Mensagem do Papa Júlio para o Dia Mundial da Paz 2021


MENSAGEM DO PAPA
JÚLIO
PARA A CELEBRAÇÃO DO
DIA MUNDIAL DA PAZ

1º DE JANEIRO DE 2021 

Aos irmãos e irmãs, fieis e não fieis, e todas as pessoas de boa vontade, saúde e paz!

Chegamos ao início de um novo ano civil, e com ele se renova a nossa esperança por um futuro de paz, fraternidade e união.

O ano de 2020 foi um desafio para todos nós. A Pandemia da Covid-19 que ceifou e ainda está ceifando tantas vidas, mudou drasticamente as nossas rotinas, como nunca tínhamos experimentado. Tivemos de aprender a ficar distantes dos que amamos, para não os expor a riscos; tivemos que mudar nossos hábitos e pensar num consumo mais sustentável; tivemos até mesmo que repensar nossa vida de fé e o tipo de relação que estabelecemos com Deus.

Neste Dia Mundial da Paz, queremos renovar nossa esperança. Esperança de que as nações de toda terra se unam em benefício do bem comum, deixando para trás toda jogada política e interesses individuais.

Em nossa realidade brasileira, infelizmente, experimentamos mais uma vez os desmandos de um governo narcisista, que não é capaz de assumir com humildade os seus erros. Vimos um presidente negar categoricamente e por diversas vezes a gravidade da crise sanitária que enfrentamos. Pior do que isso, negar a gravidade da doença que flagela todo o mundo. Numa atitude desumana, vimos este mesmo governo desprezar os grandes números de mortos por causa da Pandemia, sendo, além de tudo, insensível para com as famílias dos cidadãos e cidadãs enlutados. Com o mesmo discurso negacionista e controverso, este governo disseminou Fake News e incentivou a população a fazer uso de medicação com nenhuma eficácia comprovada. E agora que as nações mais desenvolvidas já oferecem uma vacina devidamente desenvolvida e testada, o governo deste nosso país a condena e se nega a aceitar a sua eficácia, incorrendo em mais um gravíssimo atentado contra a vida do seu povo.

Neste cenário de polarizações, assistimos ainda estarrecidos à nova manifestação de toda forma de racismo e preconceito, que na verdade nunca chegaram a ser extirpadas da sociedade. Em todo o mundo assistimos casos de assassinatos, humilhações e crimes, das mais diversas naturezas, motivados pelo preconceito de raça, como também pelo preconceito de gênero. O feminicídio, a violência sexual, e a carga moral imposta às mulheres apontam para isso. De igual modo, continuam a efervescer, através de um nacionalismo arraigado, o preconceito para com os imigrantes, enxergando-os como inimigos perigosos, quando na verdade o inimigo a ser combatido são aqueles fatores que fazem as pessoas fugir de seus países de origem em busca de melhor qualidade de vida. A guerra e a injustiça social continuam a maltratar populações inteiras, deixando-as sem nenhuma perspectiva de horizonte, totalmente sem esperança e desacreditados.

Ainda há muito por fazer para que a tão sonhada Família das Nações exista num ambiente de fraternidade e amizade social.  Para nós que cremos, encontramos em Cristo nossa resposta. Seu Natal que anualmente celebramos deve deixar de ser uma festa puramente externa e comercial, para nos tocar e transformar de verdade. “Vós sois todos irmãos” (Mt 23,8), nos diz o Mestre. Somente quando houver essa identificação com o outro, com suas dores e necessidades, reconhecendo-o como nosso semelhante, nosso irmão, é que será possível a construção daquela paz almejada. Fazendo uso de uma famosa canção de Padre Zezinho: “Chamam isso de Utopia, eu a isso chamo Paz”!

Vaticano, 31 de dezembro de 2020

Júlio



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