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Instrução Formativa " Sacrificium Laudis" | Decanato do Colégio Cardinalício

 

DOM GABRIEL SOUZA CARDEAL GIOVANELLI
DEI MISERICORDIA ET SANCTAE APOSTOLICAE SEDIS
CARDINALIS EPISCOPI OSTIENSIS ET SANCTAE LUCIAE
SACRI COLEGII CARDINALIS DECANI CARDINALIS

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INSTRUÇÃO FORMATIVA
SACRIFICIUM LAUDIS
(Sacrifício de Louvor)
 
Vaticanum, die 08 Novembris 2023

O Decanato do Sacro Colégio Cardinalício, na pessoa do Decano;
Dom Gabriel Souza Card. Giovanelli

DESEJA QUE SE SEJA PROCLAMADO

A todos os Cardeais  e mebros da Cúria Romana que desempenham sua missão,
A todo o clero e povo de Deus.

MINHA SAUDOSA SAUDAÇÃO E BÊNÇÃO

EXÓRDIO
    𝔄través de especial desígnio do Divino Espírito Santo, quis o Senhor, nosso Deus, popular a terra com insignes pastores para o rebanho divino, fiéis trabalhadores da messe e cooperadores íntimos de nossa Santa Igreja Católica. Faço um apelo aos senhores Cardeais, principes dos Apostólos, no serviço específico de cada um, a comunidade percebe a necessidade de respeitar o desempenho do papel de cada ministro, recebendo as orientações dos pastores ordenados não como imposição, mas como ajuda para incentivar a cada um para que exerçam seus ministérios. Sem centralizar tudo nas mãos de poucos e sem deixar de repartir as tarefas, permitindo que cada um sirva à comunidade em algum aspecto específico.

CAPÍTULO I
JESU ACTIO EXEMPLAR

A autoridade nasce do serviço exercido em favor da unidade da comunidade. O reconhecimento da autoridade deve ajudar cada membro da comunidade presente no habblive hotel, cujo, local desempenhamos nosso frutuoso ministério, a ser ele mesmo e a exercer seus dons próprios, para o bem de todos. A hierarquia tem por dever dirigir o Corpo de Cristo, agindo na pessoa de Cristo-cabeça, o que não significa que ela seja dona do corpo ou do rebanho, mas é sim a servidora de todo o corpo, cuidando para que cada membro cumpra seu papel unido aos outros membros, respeitando a diversidade de cada um e tendo autoridade para incentivar os servidores que ajudam o rebanho a “pastar por verdes prados”, e para reprimir, na caridade e na misericórdia, os que se esquecerem de que o rebanho tem um pastor, Jesus Cristo, ou que o corpo tem vários membros, não permitindo que os interesses individuais ou particulares impeçam a comunidade toda de caminhar unida.

Os bispos são pastores e, no exercício deste ministério, devem comportarse como quem serve, como pastores que conhecem suas ovelhas e por elas são conhecidos e como pais que agem com amor e solicitude para com todos(CD, 16). Agindo assim, o bispo poderá tornar sua Igreja uma família que vive e caminha na união e na caridade, consciente de seus direitos e deveres. Também é de extrema importância que o bispo trate com carinho especial os sacerdotes, que compartilham de suasfunções e de sua solicitude no pastoreio da Igreja local, não bastando ser ele a cabeça do presbitério, é preciso que seja também seu coração.

CAPÍTULO II
AUCTORITAS MUNERIS

Preocupo-me com os senhores cardeais, irmãos de caminhada, e fraterna atenção ministerial, a comparação as vezes nos remete a questionamentos, que infudem nossos corações, e aqui traga esta distinção. A diferença básica entre presbítero e bispo reside no grau de responsabilidade que cada um tem por uma Igreja Local e na relação mútua. O bispo condensa em si o poder da Igreja Local, o poder do presbítero é fazer o bispo presente numa parcela da Igreja Local, ele é cooperador da ordem episcopal. Nesta relação entre presidir e co-presidir a Igreja está a diferença entre bispo e presbítero. Ambos, em profunda comunhão de coração e atitudes, cuidam de garantir a caminhada comum do rebanho, servindo ao povo de Deus pela dedicação em fazê-lo ouvir a voz do Bom Pastor.

A mudança de mentalidade, de que a Igreja é servidora do Projeto Salvador de Jesus, ou seja, do Reino de Deus, e não a controladora da Verdade e de Deus, fundamenta-se como necessária se a prática de Jesus for o modelo que a comunidade eclesial segue. Nos últimos anos, voltou a ganhar força a visão de que é necessário recuperar a “riqueza” da Igreja, como se compreendê-la como serviçal, diminuísse seu poder ou seu valor. O que parecia ter sido superado, depois de séculos de um clero aristocrático ou com ilusões de aristocracia, voltou com toda força, entendendo poder como dominação e não como autoridade. 

Ao se esquecer o modo como Jesus conduz seu ministério, esqueceu-se também que a verdadeira riqueza da Igreja está na sua continuidade de missão, inspirada na missão de Cristo, não na exibição de sua riqueza exterior,seja nos ritos, seja nas vestes ou nos móveis e prédios. Ser sinal universal de Salvação (LG 48) é seu valor e sua riqueza. 

CAPÍTULO III
MINISTRORUM UNITATIS

Amados irmãos Cardeais, a oposição de Jesus aos modelos religiosos de sua época parece justamente se basear na constatação da preocupação dos líderes de serem fortes e dominadores, fundando seu poder na ameaça (saduceus) ou na escravização a normas e regras (fariseus, escribas). O ser humano está acima da instituição, que não deve dominá-lo, mas servi-lo. Na parábola do Bom Samaritano (Lc 10, 30-37), Jesus deixa clara essa visão, quando apresenta o levita e o sacerdote deixando de cuidar da pessoa humana sob o pretexto de uma exigência ritual da instituição, a proibição de se contaminar tocando um cadáver ou algumas feridas, valendo mais as regras de sua função no templo do que a necessidade da pessoa humana. 

Outro atrito com o poder sacerdotal aparece na expulsão dos vendilhões no templo (Mc 11, 15-17), o que poderia prejudicar a casta sacerdotal que se servia do comércio praticado lá para se enriquecer e para garantir seu domínio sobre os fiéis, já que só eles poderiam oferecer os sacrifícios de reconciliação com Deus, achandose no direito de determinar todos os meios válidos e aceitos para a realização dessesatos.

CONCLUSIO
SOLUS AMOR AEDIFICAT ET JUNGIT

Queridos irmãos cardeais, agentes membros da Cúria Romana, digo-os que "O amor pode ser considerado aspecto fundamental da Igreja, é ele que nosinsere na vida trinitária, que nosfaz constituir o Corpo Místico de Cristo. “O amor de Deus se infunde em nosso coração pelo dom do Espírito Santo”(Rm5,5). Sendo a Igreja ícone da Trindade, chamada a ser una na diversidade de ministérios,“realidade criada e divinizada que torna presente e participa o mistério deDeus”(VVAA, 1984,p.167),deveser nomundosinal do amorque une a Trindade. É na Trindade que se encontra a origem do amor, quando a comunidade de fé se abre à experiência de tal amor, ela cumpre seu papel de sacramento-sinal, manifestando a presença de Deus expressa no amor vivido em comum. “Todo o bem que o povo de Deus pode prestar à família humana durante o tempo da sua peregrinação terrena deriva do fato que a Igreja é o ‘sacramento universal da salvação’, manifestando e atuando simultaneamente o mistério do amor de Deus pelos homens.” (GS, 45).

    𝔐eus irmãos, rezemos a fim de que o Senhor nos conceda um Espiríto Missionário, que realize com coração generoso tal nobre missão. É o que Lhe pedimos por intercessão de Maria Santíssima, Rainha dos Apóstolos, e de todos os Mártires e Santos que ao longo dos séculos deram glória a esta igreja de Roma. 

In Christus,

Datum et promulgatum Romae, in domo Decani Sacri Collegii Cardinalium, die VIII mensis Novembris anno MMXXIII, in memoria liturgica Beati Duns Scoti, Immaculati Defensoris; et Sancto Godofredo; sub Pontificatu Otavio Augusto PP.

 Gabriel Souza Card. Giovanelli
Decani Cardinalis Sacri Colegii Cardinalis