SECRETARIA STATUS VATICANI
Vaticano, XIII Decembris, MMXXII.
CARTA ABERTA
A VOSSA SANTIDADE, O PAPA VICENTE I E CLÉRIGOS,
A VOSSA SANTIDADE, O PAPA VICENTE I E CLÉRIGOS,
EM VISTA DE UM ACORDO DE PAZ ENTRE O CLERO DO HABBLET HOTEL
JUNTO À SANTA SÉ
Caríssimos irmãos e irmãs presentes na jurisdição eclesial do Habblet Hotel,
ao povo de Deus, saúde e paz da parte de Deus, Nosso Senhor, Jesus Cristo!
ℌoje concentro-me sobre outra expressão com a qual o Concílio Vaticano II indica a natureza da Igreja: aquela do corpo; o Concílio diz que a Igreja é o Corpo de Cristo (cfr Lumen gentium, 7). Gostaria de partir de um texto dos Atos dos Apóstolos que conhecemos bem: a conversão de Saulo, que se chamará depois Paulo, um dos maiores evangelizadores (cfr At 9, 4-5). Saulo é um perseguidor dos cristãos, mas enquanto está percorrendo o caminho que leva à cidade de Damasco, de repente uma luz o envolve, cai no chão e ele ouve uma voz que o diz: “Saulo, por que me persegues?”. Ele pergunta: “Quem és, Senhor?”, e aquela voz responde: “Eu sou Jesus, a quem tu persegues” (v. 3-5). Esta experiência de São Paulo nos diz quanto é profunda a união entre nós cristãos e o próprio Cristo.
Quando Jesus subiu ao céu, não nos deixou órfãos, mas com o dom do Espírito Santo a união com Ele transformou-se ainda mais intensa. O Concílio Vaticano II afirma que Jesus “comunicando o seu Espírito, constitui misticamente como seu corpo os seus irmãos, chamados de todos os povos” (Const. Dogm. Lumen Gentium, 7). E com isto fazemos memória a tantas desavenças que já houve entre os cleros (SICAR) e (ICAR Habblive), e hoje a unidade é superior aos conflitos, sempre! Os conflitos se não se dissolvem bem, separam-nos entre nós, separam-nos de Deus. O conflito pode ajudar-nos a crescer, mas também pode dividir-nos. Não caminhemos na estrada das divisões, das lutas entre nós! Todos unidos, todos unidos com as nossas diferenças, mas unidos, sempre: este é o caminho de Jesus. A unidade é superior aos conflitos. Na atual presença como Secretário de Estado vejo este acordo a bons olhos onde poderemos abrir um diálogo Inter-Religioso, mantendo-se este "Diálogo da Vida", um espírito de abertura e de boa vizinhança; partilha de vida: alegrias e tristezas; problemas e soluções; conquistas e preocupações; assim também o "Diálogo da experiência religiosa", está partilha de riquezas espirituais das diferentes tradições religiosas, no que se refere à oração, à contemplação, à fé e aos caminhos de busca de Deus e do Absoluto.
A unidade é uma graça que devemos pedir ao Senhor para que nos liberte das tentações das divisões, das lutas entre nós, dos egoísmos, das fofocas. Quanto mal fazem as fofocas, quanto mal! Nunca fofocar sobre os outros, nunca! Quantos danos causam à Igreja as divisões entre os cristãos, o partidarismo, os interesses mesquinhos! As divisões entre nós, mas também as divisões entre as comunidades: cristãos evangélicos, cristãos ortodoxos, cristãos católicos, mas por que divisão? Devemos procurar levar a unidade. Mas devemos rezar entre nós católicos e também com os outros cristãos, rezar para que o Senhor nos doe a unidade, unidade entre nós. Estamos dispostos a abrir este diálogo com a comunidade presente em vosso orbi, e mais firma esta paz é firmar a unidade entre os cristãos leigos e sacerdotes.
𝔄o Santo Padre o Papa Vicente I, e a todo o vosso clero, neste dia quero expressar este sentimento de paz entre as duas Igrejas, as palavras de São Paulo que escreve a Comunidade de Coríntios "Ora, assim como o corpo é uma unidade, embora tenha muitos membros, e todos os membros, mesmo sendo muitos, formam um só corpo, assim também com respeito a Cristo. Pois em um só corpo todos nós fomos batizados em um único Espírito: quer judeus, quer gregos, quer escravos, quer livres. E a todos nós foi dado beber de um único Espírito'' (1 Cor 12, 12-13).
In Christus,
Datum et promulgatum Romae, ex aedibus Vaticanis, die XIII mensis Decembris, anno MMXXII, in memoria liturgica Sanctae Luziae, sub Pontificatu Lvcivs PP.
+ Gabriel Souza Card. Giovanelli