Prezados concelebrantes, distintos cardeais, irmãos e irmãs no Senhor!
O evangelho de hoje remonta a cena que se atualiza, todos os anos, na Quinta-feira Santa: o Lava Pés. Nosso Senhor, num ato de quem se coloca a serviço, lava os pés dos seus discípulos. Estes, porém, não compreenderam, a priori, a grandeza desse gesto (Jo 13, 7). Mas a explicação do Mestre veio em seguida: “o servo não é maior do que o seu Senhor, nem o enviado é maior do que aquele que o enviou” (Jo 13, 16). Em outras palavras, Jesus quer que seus discípulos sejam servidores, que as barreiras do senso de superioridade, do orgulho, do antagonismo, do querer ser mais do que o outro, fossem rompidas, substituídas pela dinâmica do serviço.
Fato ainda mais interessante é que, entre os discípulos que Jesus lavou os pés, estava Judas, o traidor, aquele que comeu o pão com Jesus e levantou-lhe o calcanhar (Jo 13, 18). Nem a este Jesus recusou lavar os pés. Esta, quiçá, seja a lição mais importante para nossa caminhada eclesial, a partir de hoje: que entre nós não haja discriminação ou indiferença. Deus não despreza uma única alma, ainda que seja a mais pecadora.
Neste início de pontificado, faço o apelo para que sejamos uma Igreja una, fraterna, servidora, mesmo que isso nos custe sacrifícios. Como o Bom Pastor, que não deixa uma única ovelha se perder, vamos em busca daqueles que se mantém distantes dos caminhos de Deus e de Sua Igreja, pois "haverá mais alegria no no céu por um pecador que se arrepende do que por noventa e noves justos que não precisam arrepender-se" (Lc 15, 7). Se compreendermos estas coisas e as praticarmos, seremos felizes, nos diz o Mestre Servidor (Jo 13, 17).
Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo!